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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Perdas II

Minha última postagem foi em fevereiro deste ano.
E foi justamente falando de perdas...

A gente vai ficando mais "experiente" e a vida vai nos tirando mais queridos amigos e parentes.
Antes, quando jovens, íamos à festas de aniversários, bailes de formatura, casamentos, batizados. Agora, vamos mais frequentemente à velórios, missas de 7º dia...

Perdi meu cumpá Odinir, 09 meses e 3 dias depois que sua amada Elisa se foi.
Estranho amor, que continua em outra vida.
Sei que vou "perder" mais queridos até eu "viajar" pro outro lado e, pensando nisso, em idas, possíveis e totalmente prováveis, resolvi o seguinte:
Quando eu me for, não quero velório.  Quero que amigos, parentes, colegas, se reúnam em um boteco para bebemorar a minha existência, quero festa...

Creio que deva ter sido, até o final, uma pessoa legal, mas também se não me considerarem como tal, não tem importância. A quem eu fizer falta, a estes, deixarei o meu amor e carinho e, só quero de volta este "happy hour".

Ah, também não quero ser cremada, como pensei no passado:  doarei meu corpo ao Departamento de Anatomia do Instituto de Ciência Biomédicas da USP.Antes pensava em doar alguma parte do corpo para que pudesse ser usada em outra pessoa, mas será que até lá algo ainda estará íntegro o bastante para ser doado?
De qualquer forma, já providenciei a documentação.
O texto do Termo de Declaração de Vontade e Testemunho de Doação Voluntária é bem interessante; diz o seguinte:

"declaro, para os devidos fins de direito, na forma que permite a da lei nº 010.406-2002, em seu artigo 14 do Código Civil brasileiro: "é válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte para depois da morte.""

Depois há um longo questionário, onde o enunciado de uma das questões é:
 ( ) serei útil após o meu falecimento.
Esta é a que acionou o "start"...serei útil...
Sempre disse que nasci para servir...imagine servir depois que me for?
Não é o máximo.
Portanto amigos, todos vocês já são testemunhas da minha última vontade.

Até a próxima...

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Perdas

Perder:  


"Deixar de ter, não possuir mais, embora possa ocorrer ,por uma questão de escolha ou não."
"Você não perde mil reais porque quer e sim por um acidente, como também pode perder por falta de méritos."
Dicionário In formal


Perder é sempre difícil, imobilizante, frustrantes, sofrido, dolorido.
Inúmeros adjetivos, todos nada muito agradáveis.


Mas por vezes precisamos perder para termos as mãos abertas (Rubem Alves)


Já perdi muitas coisas materiais, quando digo muitas, são muitas mesmo; por inabilidade, por desajuizamento, por desleixo, enfim, tudo por minha única e exclusiva culpa.Mas esta culpa por perdas, com o tempo, eu aceitei  lição. Complicado, pacas, mas como costumo dizer, isto também é um exercício diário.
Perdi muita coisa imaterial, como por exemplo, tempo. Já perdi amigos que eu considerava, também por desleixo de "regar, de alimentar a amizade.
Mas hoje, acordei pensando em outro tipo de  perda...a de seres para a morte!
Gente, que como meus amigos sabem, eu adoro. Gente é a matéria-prima dos meus dias e, apesar dos pesares, ainda tenho fé em "gente".
Essa gente, pessoas que me deixaram nos últimos meses, pessoas que talvez nem soubessem o quanto eu as   a amava.  Sandra, Valdemar, Elisa...
Perdi (perdemos) gente que não sabia da minha existência, mas que também amava, como os grandes Mestres Gabriel Garcia Marques, Rubem Alves, Ariano Suassuna...-Jair Rodrigues, Zé Wilker, Paulo Goulart, Adib Jatene, Chaves, Hugo Carvana, Robin Willians, Luciano do Valle, Philip Seymour Hoffman, Bob Hoskins...perdi a conta...
Amigos de 04 patas...nossa, quantos perdi este ano...
Me ocorreu um texto bem bacana sobre a morte, escrito por Renata Nunes, com o título de Senhora dos Destinos, que agora cito um trecho:


"A morte, senhora dos destinos, é certeira e certeza. Leva quem tem que levar.Dia desse foi meu velho pai. Amanhã, quem vai saber...A quem fica, além da ruptura dolorosa, ela oferece a chance de pensar e repensar sobre a vida.A danada te dá um soco na cara, te derruba no chão, te reduz de forma devastadora.  Depois, delicadamente, pergunta se você está bem, se está amando o suficiente e como pretende seguir.Antes de sumir, lembra que irá voltar sem data marcada. E sempre deixa o alerta de que tudo passa rapidamente."

Lição perfeita para quem não pretende desistir, se entregar, se deixar levar pelo luto eterno. Mais uma vez, cabe aqui a palavra exercício...Viver é um exercício e viver bem é o resultado.

Bom domingo meus queridos.

sábado, 9 de agosto de 2014

Os Olhos de Meu Pai

Amanhã é Dia dos Pais e será o trigésimo sétimo que passo sem o meu amado Pai e Mestre.
Lembro-me tanto dele que é como se ele tivesse me deixado ontem.Não que ele fosse um anjo, longe disso, mas foi o melhor Pai que uma filha única poderia ter.
Não me mimou, pouco me abraçava e menos ainda beijava, mas suas palavras ecoam até hoje na minha mente e no meu coração.
Lembro-me bem do primeiro Dia dos Pais sem ele.Me lembro de ter ido ao Cemitério da Quarta Parada (coisa que odiava fazer, pois nunca gostei de cemitérios), deixei minha mãe em casa e fui sozinha á Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho. Foi lá que a missa de sétimo dia foi celebrada.
Me ajoelhei e chorei tanto, que não sei se já chorei assim até hoje.Ainda me sentia revoltada por tê-lo perdido para morte.O tempo passou e calmamente fui me resignando e entendendo que ele vive em outra dimensão e que está sempre velando por mim.
Pai, Feliz Dia dos Pais - onde quer que estejas.TE AMO PRÁ TODO O SEMPRE!






My Father's EyesEric Clapton
Sailing down behind the sun
Waiting for my prince to come
Praying for the healing rain
To restore my soul again

Just a toerag on the run
How did I get here?
What have I done?
When will all my hopes arise?
How will I know him?
When I look in my father's eyes
My father's eyes
When I look in my father's eyes
My father's eyes

Then the light begins to shine
And I hear those ancient lullabies
And as I watch this seedling grow
Feel my heart start to overflow

Where do I find the words to say?
How do I teach him?
What do we play?
Bit by bit, I've realized
That's when I need them
That's when I need my father's eyes
My father's eyes
That's when I need my father's eyes
My father's eyes

Then the jagged edge appears
Through the distant clouds of tears
I'm like a bridge that was washed away
My foundations were made of clay

As my soul slides down to die
How could I lose him?
What did I try?
Bit by bit, I've realized
That he was here with me
I looked into my father's eyes
My father's eyes
I looked into my father's eyes
My father's eyes

My father's eyes
My father's eyes
I looked into my father's eyes
My father's eyes






Os olhos do meu pai
Velejando baixo atras do sol
Esperando meu principe vir
Rezando pela chuva que cura
Pra restaurar outra vez minha alma

Apenas um toerag funcionando
Como que eu comecei aqui?
O que eu fiz?
Quando todas minhas esperancas levantarao?
Como eu conhecerei ele?
Quando eu olhar nos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai
Quando eu olhar nos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai

Então a luz começa a brilhar
E eu ouço aquelas canções antigas
E como eu presto atenção nesta semente crescer
Sinto meu coração começar a transbordar

Onde eu encontro as palavras pra falar?
Como eu o ensino?
O que nós jogamos?
Aos poucos, eu percebi
Isso é quando eu os preciso
Isso é quando eu preciso dos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai
Isso é quando eu preciso dos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai

Então a recortada borda aparece
Através das nuvens distantes de lagrimas
Eu sou como uma ponte que esta sendo afastada
Minhas fundações foram feitas de argila

Minha alma desliza abaixo para morrer
Como poderia o perder?
O que eu tentei?
Aos poucos, eu percebi
Que ele estava aqui comigo
Eu olhei dentro dos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai
Eu olhei dentro dos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai

Os olhos do meu pai
Os olhos do meu pai
Eu olhei dentro dos olhos do meu pai
Os olhos do meu pai


domingo, 27 de abril de 2014

Um pouco mais sobre o AMOR...

Taí, meus queridos 09 seguidores.

Amor é um tema recorrente que sempre vem de encontro aos meus anseios.
Talvez AME demais, mas não só pessoas como esposo e filhos, amo meu parentes, meus amigos, as vezes, procuro amar também aos inimigos, conforme pedido de Nosso Divino Mestre.  Não é nada fácil, mas é um exercício; e para crescer é preciso exercitar-se diariamente.

Bem, como acordei pensando no Amor, eis aí um texto lindo de Luiz Gonzaga Pinheiro, que compartilho com vocês:

Um Grande Amor

"A liga de um grande amor não é temperada com beijos e abraços.
Não se fortalece somente com a alegria da presença ou com a ansiedade do retorno.
Há também o sal das lágrimas e a força da esperança.
Não pode faltar no amor uma música que o batize e um poema que o recorde.

Um grande amor precisa de uma rosa, de uma saudade, de um tropeço que o testem.
Precisa de tempo, de trabalho e de fé na vida.
Quando um grande amor realiza um sonho já tem outro em gestação, pois uma parte do amor é suor e a outra é sonho.

Um grande amor tem segredos que não podem ser revelados, pois pertencem apenas aos amantes.
Tem risos, fantasias, olhos que buscam estrela e pés que pisam forte na terra.
Tem que ter a presença de Deus, pois sem Ele tudo está condenado ao fracasso e ao recomeço.

Não assenta teu amor em coisas passageiras, pois o amor gosta de perenidade.
Segue, com passos lentos e seguros, as trilhas que levam ao seu templo: fidelidade, sacrifício, doação.
Doa de ti mesmo na certeza de que o amor te retribuirá generosamente, já que uma outra parte dele é partilha.

Amar é isso, um longo caminhar para conhecer e merecer a dádiva que já temos.
Quem não tiver entendido esta lição não terá vivido um grande amor."

Luiz Gonzaga Pinheiro

domingo, 23 de março de 2014

SOBRE DEUSES E MENDIGOS

"Longe, bem distante do senso comum está a delicadeza e seus polidores.  Mais adiante, beirando o infinito, está o amor cujos reflexos sentimos na terra.  São esses respingos que nos chegam e impulsionam, dando-nos a impressão de que o conhecemos.

Isso é o que geralmente pensamos.  Mas todas as virtudes em maior ou menor grau, estão ao nosso alcance na condição de sementes adormecidas no terreno inculto dos nossos corações.

Afirmamos que estão longe para justificarmos à nossa consciência as cobranças e os pedido que ela nos faz em seus anseios de crescimento e iluminação.

Vemos o bem, o aprovamos, mas não o abraçamos, com a desculpa de que tudo é longe, tudo é difícil, tudo é caro, tudo é inútil.

É assim que coisas como o amor, o perdão, a delicadeza, a caridade, o otimismo, o bom humor e um sem número de virtudes escorrem por nossas mãos para além da coragem.

Não são elas que fogem, Nós as expulsamos porque temos medo de conviver com elas.  Medo das interpretações alheias, de nos fragilizarmos, de romper estruturas, de demolir velhos e inúteis edifícios cujos porões estão abarrotados de inutilidades.  

Se tiverdes fé, disse Jesus, removereis montanhas. No entanto, consideramo-nos pequenos demais, pecadores demais, indignos demais para alçar voo aos céus.

Falamos demais em dores, em problemas, em guerras, em doenças e gastamos horas divulgando o mal.  O cenário do inferno nos parece mais familiar e digno de comentários que o reino do céu.

Viciamo-nos na pobreza, domesticamos a mente em temas vazios, esquecemos a beleza, a generosidade, satisfazemo-nos com migalhas.

Elegemos a mediocridade como mentora de nossas prioridades e nos admiramos quando nos perguntam porque apenas nos suportamos quando deveríamos amar uns aos outros.

A realidade é bem dura.  Sufocamos o amor com nossa agressividade; banimos a gentileza com nossa indiferença.  Somos mendigos espirituais.

Mas ainda existe tempo de reverter a tragédia.  Quando o espírito quer movimenta forças e poderes que julgava inexistentes.  Quando o espírito realmente quer, se agiganta e vence, pois se a mente de cada homem é uma usina de força, seu coração é um vórtice de luz.

Só depende de cada um ser um deus em meio às estrelas do espaço infinito ou um mendigo a estender as mãos súplices para os transeuntes nas favelas infectas do mundo."

Luiz Gonzaga Pinheiro in Aconchego

sábado, 7 de dezembro de 2013

ADÉLIA de volta ao PRADO verdejante da Poesia...

Olá meus queridos 8 seguidores...

Se me seguem é porque gostam do que posto e escrevo aqui e, porque também, devem gostar de poesia, assim como eu.


Então, regozijem-se pois Adélia Prado está voltando a publicar suas poesias, depois de um hiato de 3 anos em sua produção literária.


Adélia é considerada uma das 3 maiores poetas vivas, ao lado de Ferreira Goulart e Manoel de Barros e "tanto flerta com a metafísica como se atém aos detalhes do cotidiano, mas, acima de tudo, aposta na grandeza das pequenas coisas. E, como não poderia ser diferente, sua poesia estabelece um diálogo com Deus, uma ponte com a transcendência e uma crença na perenidade da carne e na eternidade da alma."


Agora, fiquem com a Poesia de Adélia.


"Eu sou uma mulher sem nenhum mel
eu não tenho um colírio nem um chá
tanto a rosa de seda sobre o muro
minha raiz comendo esterco e chão.
Quero a macia flor desabrochada
irado polvo cego é meu carinho.
Eu quero ser chamada rosa e flor
eu vou gerar um cacto sem espinho."
(Senha)



"A Bíblia, às vezes, não me leva em conta,
tão dura com minha gula.
Nem me adiantou envelhecer,
partes de mim seguem adolescentes,
estranhando privilégios.
Nunca me senti moradora,
a sensação é de exílio.
Criancinha de peito, essa já sabe,
seu olhar muda quando desmamada.
Tudo é igual a tudo,
mas por agora a unidade nos cega,
daí o múltiplo e suas distrações.
Deus sabe o que fez.
Mesmo com medo escrevo
que é 1º de julho de 2011.
Parece póstumo, parece sonho.
Alguma coisa não muda,
minha fraqueza me põe no caminho certo.
Deus nunca me abandonou."
(Sala de Espera)
"Os peixes me olham
de suas postas sangrentas.
Falta modéstia às frutas.
De ponta a ponta, barracas,
quero fugir dali
acossada pelos tomates
de inadequado esplendor.
Compro dois nabos para comê-los crus,
feito um eremita em sua horta.
Não por virtude,
por orgulho talvez travestido do júbilo
que me vendeu o diabo
em sua tenda de enganos."
(Feira de São Tanaz)

domingo, 3 de novembro de 2013

Para Elô.

Eloisa, ou Elô, foi minha aluna na Faculdade Metodista de Birigui.  Mas como eu e meus queridos alunos combinamos, eles seriam "Meus Sempre Alunos" e eu "Sua Sempre Professora".  

E, posso afirmar, com absoluta certeza, que tê-los conhecido e convivido com eles, foi uma das coisas mais gratificantes que já me aconteceram.

Não me senti professora e nem os senti meus alunos. Nos sentimos colegas, amigos, trocando experiências de, trocando conhecimento, fazendo laboratório de vida.

É claro que alguns alunos marcaram mais, talvez por estar mais próximos, por me dedicar mais carinho.
Com alguns deles, troco mensagens até hoje, mesmo depois de 4 anos.  Alguns me procuram para ajudá-los em seus TCC´s, o que me deixa muito feliz. Enumerar todos eles, seriam um atentado, mas eles sabem que os amo.

Alguns como a Monize, uma graça de pessoinha, acabou se enamorando de um querido amigo, o Fábio e ambos nos convidaram, a mim e ao meu marido,  para sermos seus padrinhos de casamento, o que aceitamos com muito honra.

Infelizmente, tive que deixá-los antes do final do curso, mas os carreguei dentro de meu coração.

Mas a Elô, é um capítulo a parte.   Ela me marcou profundamente, primeiro pelo brilho intenso no olhar, pela sua capacidade de ir além dos acontecimentos da sala de aula, pela sua inquietude.
Recordo-me até hoje, quando entrei naquela sala de aula e perguntei quem gostava de ler, uma sala de mais de 40 alunos, apenas dua mãos se levantaram, a do Marcelo, um outro querido e a da Eloisa.

Ali meu coração já sabia o que vinha pela frente, os desafios que me caberiam.  Mas valeu cada minuto em sala.

A Elô, depois da formatura, voou para os Estados Unidos. Foi trabalhar e estudar e lá, encontrou seu grande amor e, nós aqui em Terras Brasilis, acompanhamos tudo pelo Facebook.

Elô, engravidou e, creio que por sua inquietação natural, sua filhota, Julia, nasceu prematura e nós, aqui de longe, oramos para que ela vá logo prá casa.

Então, especialmente prá Elô, citarei um texto lindo do mestre Rubem Alves:

Minha Música
"Dizem que a razão por que se embalam as criancinhas em ritmo binário é porque, durante nove meses, ouvimos a pulsação binária do coração da mãe. O ritmo binário do coração da mãe se inscreve no corpo da criancinha como uma memória tranquilizadora.  Se isso é verdade, tem de ser verdade também que a música ouvida em tempos anteriores à memória consciente, no sono fetal, torna-se parte da nossa carne."

Acho que no caso da Júlia, o coração da Elô tenha batido no ritmo de uma Orquestra Sinfônica, por isso a Júlia resolveu vir mais cedo ao mundo para conhecer a maestrina.

Elô, um beijo enorme em você, no Santos e na Júlia, uma sagrada família.