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sábado, 7 de dezembro de 2013

ADÉLIA de volta ao PRADO verdejante da Poesia...

Olá meus queridos 8 seguidores...

Se me seguem é porque gostam do que posto e escrevo aqui e, porque também, devem gostar de poesia, assim como eu.


Então, regozijem-se pois Adélia Prado está voltando a publicar suas poesias, depois de um hiato de 3 anos em sua produção literária.


Adélia é considerada uma das 3 maiores poetas vivas, ao lado de Ferreira Goulart e Manoel de Barros e "tanto flerta com a metafísica como se atém aos detalhes do cotidiano, mas, acima de tudo, aposta na grandeza das pequenas coisas. E, como não poderia ser diferente, sua poesia estabelece um diálogo com Deus, uma ponte com a transcendência e uma crença na perenidade da carne e na eternidade da alma."


Agora, fiquem com a Poesia de Adélia.


"Eu sou uma mulher sem nenhum mel
eu não tenho um colírio nem um chá
tanto a rosa de seda sobre o muro
minha raiz comendo esterco e chão.
Quero a macia flor desabrochada
irado polvo cego é meu carinho.
Eu quero ser chamada rosa e flor
eu vou gerar um cacto sem espinho."
(Senha)



"A Bíblia, às vezes, não me leva em conta,
tão dura com minha gula.
Nem me adiantou envelhecer,
partes de mim seguem adolescentes,
estranhando privilégios.
Nunca me senti moradora,
a sensação é de exílio.
Criancinha de peito, essa já sabe,
seu olhar muda quando desmamada.
Tudo é igual a tudo,
mas por agora a unidade nos cega,
daí o múltiplo e suas distrações.
Deus sabe o que fez.
Mesmo com medo escrevo
que é 1º de julho de 2011.
Parece póstumo, parece sonho.
Alguma coisa não muda,
minha fraqueza me põe no caminho certo.
Deus nunca me abandonou."
(Sala de Espera)
"Os peixes me olham
de suas postas sangrentas.
Falta modéstia às frutas.
De ponta a ponta, barracas,
quero fugir dali
acossada pelos tomates
de inadequado esplendor.
Compro dois nabos para comê-los crus,
feito um eremita em sua horta.
Não por virtude,
por orgulho talvez travestido do júbilo
que me vendeu o diabo
em sua tenda de enganos."
(Feira de São Tanaz)

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